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Recife, Boa Viagem PE, Brazil
Sou psicóloga,me dedico inteiramente a este meu trabalho. Pós graduanda em Saúde Mental com enfoque em álcool e outras drogas. Abordagem Terapia Cognitiva Comportamental. Atendo em Aldeia,Ilha do Leite, Boa Viagem e Gravatá. (81)9963-3553

domingo, 24 de julho de 2011

Doença política: Congresso na Holanda revela que as medidas antitabagismo adotadas por países europeus reduziram os casos de câncer de pulmão

Ao participar do maior congresso mundial sobre câncer de pulmão, tive a oportunidade de ouvir uma palestra magistral proferida pelo professor doutor Peto. O cientista argumenta que o câncer de pulmão não passa de uma doença política. Depende, fundamentalmente, de decisões políticas para erradicá-las da face da Terra. Os números falam por si. No início do século XX, começou a epidemia do consumo sistemático do tabaco. Não demorou mais do que 15 a 20 anos para o número de novos casos de câncer de pulmão começar a aumentar muito, de forma paralela ao consumo do tabaco.

No começo do século passado, as campanhas antitabagismo que se instalaram em vários países conseguiram reduzir, de certa forma, o número de fumantes. Novamente, 15 anos após a queda do número de fumantes, as autoridades de saúde começaram a notar franca diminuição da incidência de câncer de pulmão na população, com menos casos novos diagnosticados todos os anos.

Durante esse congresso, em Amsterdã, várias novidades foram publicadas, com o impacto na qualidade e na quantidade de vida dos pacientes com tumores malignos de pulmão. Pequenos avanços, mas claros. No entanto, nada se compara com o evitar desse tipo de câncer. E basta dificultar o acesso ao cigarro, como advoga estrondosamente doutor Peto.

O exemplo que ele traz vem do país europeu vizinho à França. Uma medida política teve um efeito óbvio. Os legisladores autorizaram um aumento expressivo do preço dos maços de cigarro comercializados nas ruas do país. Pouco tempo depois o número de fumantes diminuiu drasticamente. E, para alegria dos legisladores, afinal, vereadores, deputados e senadores franceses e brasileiros também precisam de orçamentos e dinheiro para, entre outras coisas, executar seus projetos públicos, três ótimas notícias: o número de fumantes reduziu-se drasticamente, os gastos públicos com saúde, não somente com o câncer, também diminuíram e a arrecadação dos impostos derivados do cigarro também aumentou. O baixo consumo foi compensado pelo aumento exagerado do preço de cada maço. É a política fazendo medicina preventiva da melhor qualidade.

No mesmo congresso, finalmente foi divulgado o estudo tão esperado, que poderia aumentar as chances de se detectar câncer de pulmão em fase muito precoce. Cedo o suficiente para que seus portadores consigam atingir taxas que ultrapassem 90% de cura e de controle da doença por muitos anos. O sistema de rastreamento, conhecido em inglês como screening, faz a detecção precoce de nódulos malignos pequenos, em fumantes e ex-fumantes sem nenhum sintoma relacionado.

Utilizando a tomografia de baixa radiação, conseguiram reduzir a mortalidade por câncer de pulmão em 20% nessa população de alto risco. Infelizmente, essa técnica traz uma preocupação: a maioria absoluta dos nódulos, mais de 96%, encontrados nessas tomografias, não é maligna. Ou seja, a maioria não é câncer, e submetem as pessoas à ansiedade, estresse emocional, exames adicionais e até cirurgias desnecessárias.

No entanto, como enfatiza doutor Goldstraw, cirurgião especialista que acompanhou o estudo, esse programa de screening para câncer de pulmão tem de ser feito por quem sabe ver e interpretar as tomografias, e não em qualquer esquina. Mais uma ação política que poderia impactar o futuro da saúde de nossa população. Esperamos que algum legislador brasileiro leve esses dados a sério.
Fonte: Carta Capital

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Afastamento do trabalho por uso de droga cresce 22% em 2011

Há muito tempo fora de controle, o consumo de drogas no Brasil toma proporções cada vez maiores, inclusive com prejuízos na mão-de-obra.

Há muito tempo fora de controle, o consumo de drogas no Brasil toma proporções cada vez maiores, inclusive com prejuízos na mão-de-obra. Há quatro meses, Daniel Meana, 33, levou um ultimato dos donos da empresa que gerencia: ou parava de usar drogas ou seria demitido.

Ele prometeu deixar o vício. A doença, no entanto, foi mais forte, desabafa Meana.

Gastou R$ 900 de um adiantamento em menos de um dia -saiu da companhia às 14h de sábado e voltou para casa às 2h de domingo. "Fiquei bebendo cerveja e cheirando cocaína", lembra.

A perda de controle gerada pela experiência e uma briga o fizeram parar. O profissional decidiu buscar ajuda em clínica de reabilitação.

Depois de um mês internado, voltou à empresa e teve seu cargo de volta. O rendimento profissional melhorou tanto que recebeu aumento.

Histórias como a do gerente têm se repetido no Brasil. No primeiro semestre de 2011, 21.273 trabalhadores foram afastados de seus postos para tratar transtornos causados pelo uso de substâncias psicoativas -que agem no sistema nervoso central produzindo alterações de comportamento, humor e cognição.

Alta de 22%

O número representa crescimento de 22% em relação ao mesmo período de 2010 (17.454). São licenças concedidas pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) por problemas causados por uso de drogas ilícitas como cocaína e abuso de remédios sedativos e estimulantes, como antidepressivos e ansiolíticos (para controle da ansiedade).

Dos executivos, 15% usam substâncias psicoativas, segundo pesquisa do HCor (Hospital do Coração) com 829 pessoas de abril de 2009 a março de 2010, obtida com exclusividade pela Folha.

Competitividade, pressão por resultados e solidão são uma combinação explosiva entre executivos. Com receio de perder o posto e impelidos a trazer retorno para a companhia, muitos escondem o uso de drogas -sejam ansiolíticos sejam drogas ilícitas.

"O executivo é muito solitário, e o ambiente é altamente competitivo. A demonstração de fraquezas é duramente tratada", afirma Antonio Carlos Worms Till, diretor da clínica Vita Check-Up.

A imagem que as corporações têm dos profissionais que compõem o alto escalão é a de heróis. "Se ele não for o super-homem, será preterido em relação a outros e malvisto politicamente", frisa.

O cenário torna a identificação de executivos para tratamento e auxílio dentro das companhias uma tarefa hercúlea. A dificuldade é sentida até mesmo em hospitais.

As psicólogas Mariana Guarize e Janaína Xavier Santos, que coletaram dados sobre uso de remédios controlados e drogas ilícitas para pesquisa no HCor, contam que, frequentemente, o profissional só assume o uso de psicotrópicos em entrevista, não em formulários.
Fonte: Abead

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Descaso público com o crack

Já são 900 mil os dependentes químicos de cocaína e crack no país. Número insuficiente para o governo federal reagir com a rapidez que a tragédia exige.

Mesmo sabendo que a droga já chegou a 98% dos municípios brasileiros - e ainda sem um estudo técnico para definir as ações públicas -, a secretária nacional de Políticas sobre Drogas, Paulina Duarte, afirma que falar em epidemia "é uma grande bobagem".

Governo aplicou apenas 20% dos R$ 410 milhões previstos para o combate ao entorpecente.

Eles já chegam à impressionante marca de 900 mil no país, formando um exército de dependentes químicos da cocaína e crack que não para de crescer, de acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU). Desde junho do ano passado, o governo reservou quase meio bilhão de reais para alterar a realidade, mas até agora não foram aplicados nem 20% dos recursos previstos, apesar da deficitária estrutura de atendimento. O Plano Nacional de Combate ao Crack e Outras Drogas, anunciado ainda no governo Lula, não decola. Isso, apesar de a considerável cifra de R$ 410 milhões ter sido pulverizada entre os ministérios da Justiça, da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Hoje, o Brasil sequer conhece a face de seus dependentes químicos, em especial do crack. O último levantamento oficial sobre o uso de drogas no país foi feito em 2005 e uma nova pesquisa seria concluída em março. Mais uma vez, fez água, conforme admite a própria Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad). Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em dezembro do ano passado, mostrou que 98% dos municípios brasileiros têm dependentes químicos, inclusive, de crack. Desses, apenas 14,7% têm Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e 8,4% contam com programas locais de combate ao crack.

Mesmo sem dados científicos sobre a realidade brasileira do crack, a secretária Nacional de Política sobre Drogas, Paulina Duarte, desdenhou da tese sobre o país viver uma epidemia de crack: "É uma grande bobagem." O presidente da Comissão Especial de Combate às Drogas da Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (PT-MG), discorda. Para ele, há um endemia que deve ser tratada como crônica. "Do ponto de vista político, é melhor tratar como epidemia, aprimorar e efetivar políticas públicas do que depois correr atrás do prejuízo", destacou.

Sem atendimento

Ainda assim, o Plano de Enfrentamento do Crack e Outras Drogas deixa de contemplar cerca de 62% dos municípios brasileiros com a rede de atendimento pública a dependentes. Ele limitou o acesso às ações apenas a cidades com população acima de 20 mil habitantes, um total de 1.643 (29,5%). Para os demais, está prevista apenas a possibilidade de implantação de Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Anunciada com alarde pela Senad, a construção de 2,5 mil leitos em todo o país significa apenas meia vaga para cada município brasileiro. Além disso, a tentativa de lançar editais públicos para contratação de vagas de internação não surtiu efeito. Foram tantas as exigências que não houve interessados.

Financiamento das ações

Agora, a presidente Dilma tenta tomar as rédeas do processo. No último dia 22, ela prometeu incluir as entidades de combate às drogas dentro das estratégias de governo, além de criar forma de financiamento das ações. A presidente, no entanto, rejeitou proposta de criar por medida provisória uma contribuição social de 1% sobre a venda de bebida e tabaco, para financiar o Fundo Nacional de Combate às Drogas. O governo analisa agora como financiar o problema. Os R$ 410 milhões destinados ao combate às drogas no ano passado foram pulverizados entre os ministérios da Saúde, que ficou com R$ 90 milhões; da Justiça, ao qual coube R$ 220 milhões; e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que abocanhou R$ 100 milhões. Dos agraciados com a verba, apenas a pasta de Saúde diz ter gasto R$ 70 milhões dos R$ 90 milhões recebidos para a área.

Apesar da baixa execução orçamentária, a base do governo na Câmara dos Deputados pretende impedir um contigenciamento dos recursos destinados ao enfrentamento de drogas na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que deve entrar na pauta na próxima semana. "Primeiro é necessário trabalhar a destinação orçamentária e a qualidade da política pública e depois a baixa execução, que não corresponde com a necessidade de enfrentamento", destacou a deputada Érika Kokay (PT-DF), que integra a Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas.

O psiquiatra Aloísio Andrade, presidente do Conselho Estadual de Política sobre Drogas de Minas Gerais, diz que é frustrante ver que os recursos do governo federal não têm conseguido alterar a realidade do assistência ao dependente no Brasil. "Enquanto patinamos sem uma política eficaz de combate à dependência química, estamos formando um exército de mulas em cabeça, soltando fogo pelas ventas", diz Andrade, se referindo aos usuários de crack.

Fonte: Correio Braziliense



Projeto de lei poderá garantir internação obrigatória de criança viciada

Psiquiatra e juíza ouvidos pela CCJ são favoráveis à internação compulsória, mas a deputada Manuela d'Ávila alerta para uma possível afronta aos direitos da criança.
Solange Almeida: projeto para garanti internação independente da vontade do viciado.
A experiência da cidade do Rio de Janeiro no abrigamento compulsório de crianças usuárias de crack pode servir de base para um projeto de lei na Câmara dos Deputados. Na capital fluminense, desde maio, a Secretaria Municipal de Assistência Social retira das ruas as crianças viciadas em crack. Elas são internadas com autorização da Justiça e recebem tratamento especializado para se libertar do vício. A experiência foi discutida nesta terça-feira na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, a pedido da deputada Solange Almeida (PMDB-RJ).
A parlamentar estuda, agora, a possibilidade de apresentar um projeto que obrigue o governo a garantir a internação compulsória de crianças e adultos viciados em crack, mesmo que eles não queiram ser internados.
A Secretaria de Assistência Social do Rio já conseguiu reduzir em 86% o número de adolescente e crianças acolhidos nas cracolândias e em outros pontos de consumo de drogas. Solange Almeida explica que o secretário municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro, Rodrigo Bethlem, conseguiu romper uma barreira que havia com a legislação que não permite a internação involuntária - o chamado abrigamento compulsório. “Ele conseguiu isso numa parceria com o Ministério Público, a Vara da Infância e Juventude, a Delegacia de Proteção de Crianças e Adolescentes. Ele vai à Cracolândia, onde estão os usuários de crack, e recolhe aquelas pessoas. Os menores de idade, via liminar judicial, ele consegue interná-los."
Estudo brasileiro publicado na revista da Academia Americana de Psiquiatria mostra a eficácia da internação compulsória no tratamento de dependentes químicos.
O psiquiatra Jorge Jaber, diretor da Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas, estudou casos de viciados em diversos tipos de drogas - como cocaína, crack, maconha e álcool. Mesmo internados por 18 meses para tratamento contra a própria vontade, 66% dos dependentes se recuperaram do vício.
"Em relação à dependência química, havia o mito de que a pessoa deveria querer se tratar. Realmente isso acontece, mas é preciso que essa pessoa passe um período sem usar drogas para que ela recupere a capacidade mental e possa reconhecer que o tratamento é importante para ela", explicou o psiquiatra na audiência pública.
O apoio à internação compulsória para o tratamento de viciados, no entanto, não é unânime. A presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputada Manuela d'Ávila (PCdoB-RS), alerta para uma possível afronta aos direitos da criança, quando um juiz, e não um familiar, decide pela internação.
“Em nosso País não existem espaços para internação, não existem padrões de internação”, lembrou a parlamentar. “E nós não podemos, por ordem judicial, internar uma criança, por exemplo, numa fazenda terapêutica de uma religião distinta da sua. É preciso respeitar valores, a cultura”.
A juíza da 1ª Vara da Infância do Rio de Janeiro Ivone Caetano, que também participou do debate, discorda de Manuela d'Ávila. Segundo a magistrada, a criança viciada em crack e exposta aos perigos do vício e das ruas, já não tem nenhum direito garantido. Ivone Caetano afirmou que, enquanto não houver lei que permita o tratamento adequado, ela vai continuar autorizando a internação compulsória de crianças viciadas.
Psiquiatra e juíza ouvidos pela CCJ são favoráveis à internação compulsória, mas a deputada Manuela d'Ávila alerta para uma possível afronta aos direitos da criança.
Fonte:Agência Câmara
Brasília - DF

ECA mudou a maneira de a sociedade lidar com crianças e adolescentes, diz secretária

A secretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carmen Oliveira, avalia que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completa hoje (13) 21 anos, mudou a maneira como a sociedade lida com o público infantojuvenil. “[Antes do ECA] eles [crianças e adolescentes] eram considerados sujeitos menores de idade e menores também no acesso a direitos.”
Segundo a secretária, o ECA trouxe diversos avanços para o Brasil. Um dos pontos mais importantes foi a criação dos conselhos tutelares. “O conselho tutelar é uma figura ímpar, pois não existia na história brasileira antes do estatuto. Atualmente, 98% dos municípios têm conselhos tutelares”.
De acordo com ela, o governo pretende aumentar os investimentos nessas unidades. “É um investimento que vai ser feito para qualificar esse atendimento, para que realmente não tenhamos os problemas que temos, como conselho tutelar sem telefone, sem sala apropriada para atendimento, sem carro para fazer uma abordagem na rua ou para buscar uma situação de violação de direitos.”

Confira a seguir a entrevista com a secretária:
Agência Brasil: O Estatuto da Criança e do Adolescente completa 21 anos nesta quarta-feira. O que mudou nessas mais de duas décadas de vigência do estatuto?
Carmen Oliveira: De um modo geral [houve mudanças] sim, mas com algumas restrições. Temos hoje uma visível mudança do que tínhamos na vigência do antigo Código de Menores. Em primeiro lugar, porque não estava assegurada naquele marco legal a noção de que criança e adolescente têm direitos fundamentais, direitos humanos e iguais aos dos adultos. Eles eram considerados sujeitos menores de idade e menores também no acesso a direitos. Há, atualmente, um respeito maior sobre a opinião de crianças e adolescentes. Eles são chamados a dar suas opiniões, emiti-las, inclusive nos procedimentos judiciais. Isso é assegurado.
ABr: A maneira como a sociedade e as famílias lidam com crianças e adolescentes também mudou?
Carmen: Estamos vivendo um momento peculiar na vida contemporânea. Durante séculos, a infância e a adolescência não estavam na pauta. Não havia essa convivência com a própria família, tampouco com a comunidade. O conceito de infância é muito recente na história da humanidade e do adolescente é mais recente ainda. Temos as instituições e as famílias. Quando falo instituições, não falo só sobre as instituições de atendimento, mas também sobre a escola, que tem uma visão diferente dessa criança e desse adolescente. Não podemos atribuir isso apenas à vigência do estatuto, mas às mudanças culturais que foram acontecendo. Vivemos hoje um momento de implementação do estatuto e de mudanças culturais dentro deste momento da história da humanidade que faz com que a infância e a adolescência não sejam a mesma que tínhamos há 20 anos.
ABr: É difícil falar sobre o ECA e não abordar a questão social. Entre 2002 e 2010, houve um crescimento de 9.555 para 17.703 do número de adolescentes internados. Esse foi justamente o período em que houve o maior movimento de inclusão social e ascensão de classes econômicas. Por que houve esse crescimento? A questão da necessidade de cumprir medidas socioeducativas está atrelada à exclusão social?
Carmen: Podemos agrupar esses números sem distorcê-los. Por exemplo, pegando o corte de 1996 a 2004, tivemos um crescimento na internação de 218%. É praticamente impossível administrar um sistema iniciado com uma gestão com mil adolescentes e concluído com 2 mil. O que acontece é que você tem as mesmas unidades de internação para atender o dobro de meninos, e nessa duplicação você vai ter unidades superlotadas. Isso, para nós, é quase sinônimo de violação dos direitos. De 2004 a 2010, nós tivemos um aumento de 31% [das internações de adolescentes], ou seja, caiu de 218% para 31%. Em 2006, começamos a trabalhar já com o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo [Sinase]. O sistema socioeducativo no Brasil tende à estabilização no momento. Nós estamos, assim, oscilando entre um ano sem crescimento, para anos com aumento de 2%, 4%. No ano passado, os 4% de crescimento são resultado do aumento na internação provisória [quando o juiz interna o adolescente provisoriamente até tomar uma decisão a respeito da medida que será aplicada].
ABr: Ainda há pontos que possam ser melhorados no ECA, passados esses 21 anos?
Carmen: Sim. Defendemos o contínuo aperfeiçoamento do estatuto. Não o consideramos um marco legal. Várias mexidas já foram feitas no ECA, tentando melhorar aquilo que se apresentava como lacuna ou até mesmo com uma certa impropriedade. Um exemplo concreto disso foi a Lei de Adoção, aprovada recentemente. Ela melhora o estatuto em vários pontos, tanto nos procedimentos de adoção quanto nos de abrigamento institucional. No que diz respeito ao sistema socioeducativo, temos hoje em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei que institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. Ele aprimora várias coisas do estatuto, como o cumprimento de medida de internação. O único direito restrito ao adolescente é o de ir e vir. Ele tem que ter acesso à saúde, à educação, à profissionalização. O Sinase vai tornar mais concreto o que deve ser feito nos casos de aplicação de medidas socioeducativas, inclusive as responsabilidades que o gestor tem na oferta desses cuidados.
ABr: Como está a questão dos conselhos tutelares no país?
Carmen: Um ponto a ser destacado são os conselhos tutelares. O conselho tutelar é uma figura ímpar, pois não existia na história brasileira antes do estatuto. Ele é tão pioneiro que não existe em nenhum outro lugar do mundo. Temos uma implantação muito boa, pois 98% dos municípios brasileiros têm conselho tutelar. Porém, a maioria funciona com grande precariedade. O entendimento da ministra Maria do Rosário [da Secretaria de Direitos Humanos] é que os conselhos tutelares são a nossa ponta de lança em direito da criança e do adolescente nos municípios. Vamos fazer um grande investimento de reordenamento. As instalações físicas serão financiadas, também haverá atendimento com um kit e equipamentos. É um investimento que vai ser feito para qualificar esse atendimento para que realmente não tenhamos os problemas que nós temos, como conselho tutelar sem telefone, sem sala apropriada para atendimento, sem carro para fazer uma abordagem na rua ou para buscar uma situação de violação de direitos.

Fonte:Daniella Jinkings e Gilberto Costa
Da Agência Brasil
Em Brasília

Drogas e Gravatas

NA TERÇA, 14 de junho, a Folha publicou, na Primeira Página, as imagens de um homem de paletó e gravata que comprava e fumava um cachimbo de crack, numa rua do centro de São Paulo.
No último domingo, Suzana Singer, ombudsman do jornal, em sua coluna, perguntou: "Por que a Folha decidiu expor dessa forma um suposto viciado?". A Secretaria de Redação respondeu: "A política do jornal vinha sendo não resguardar a identidade dos usuários de crack em locais públicos. Não vimos motivo para alterarmos o padrão porque a personagem, desta vez, vestia paletó e gravata".
Em suma, a reportagem queria mostrar que "o fenômeno do crack não se confunde com a pobreza e não atinge apenas moradores de rua". A reportagem notava, aliás, que, entre os "usuários eventuais, que vão à região para fumar uma pedra", há até "senhores com cerca de 60 anos vestindo terno".
De repente, dei-me conta de que, ao longo dos anos, vi dezenas de fotografias de drogados errando pela cracolândia, mostrados sem disfarce, mas não tenho memória de seus rostos. É como se eles não fossem indivíduos -apenas genéricos "noias", como eles são chamados pelas ideias paranoicas que os acometem. No entanto, o engravatado da foto de terça-feira era diferente: ele era reconhecível, singular -talvez porque sua aparência deixava supor que ele não tivesse se transformado (ainda?) num noia.
O crack é hoje o protótipo da droga que leva rapidamente à perdição. Será que a foto do engravatado mostra que existem usuários de crack que não se tornam noias? Será que é possível um uso lúdico do crack?
Não sei dizer, mas, ao ler as memórias de Bill Clegg, "Retrato de um Viciado Quando Jovem" (Cia. das Letras), qualquer leitor pode sentir quase na pele a prepotência com a qual a fissura se instala ao centro da vida de um usuário de crack, por mais engravatado que seja.
O texto é comovedor, pela ingenuidade do viciado e de nós, leitores, que, como o viciado, inevitavelmente, a cada vez, acreditamos que ele voltará à sua vida depois de só mais um cachimbo. Comovedor e também exasperante: como é que o cara não consegue se controlar e conciliar sua vida amorosa e profissional com uma tragada de vez em quando? "Segura tua onda, rapaz", a gente fica a fim de gritar.
Trivialidade: a virulência da fissura, assim como a natureza da dependência, é diferente para cada droga. Engravatado à parte, o crack transforma quase imediatamente seus consumidores em adictos, enquanto há pessoas que, durante a vida toda, fumam só um cigarro ou um baseado por semana.
Outra trivialidade: talvez tão importante quanto as qualidades específicas de cada droga seja o fato de que, por alguma diferença de personalidade e disposição, há usuários que se perdem na toxicomania e outros que parecem nunca correr esse risco.
A clínica com adolescentes me ensinou isto: em geral, quem se vicia não é tanto quem acha sua vida dolorosa ou injusta, mas quem a acha chata, ou seja, quem não consegue se interessar por sua própria vida.
É possível se drogar porque a vida já é uma festa, e, quem sabe, com mais uma bola, ela se torne mais alegre. Essa conduta é sempre menos nociva da que consiste em drogar-se pela incapacidade de achar graça na vida que se tem. Quem se droga porque acha a vida chata tende a trocar a vida pela droga.
Nos últimos dias, fala-se muito da descriminalização da maconha. Estreou "Quebrando o Tabu", de Fernando Grostein; houve a intervenção de Fernando Henrique Cardoso (que é, aliás, âncora do filme de Grostein), e houve a liberação das marchas da maconha pelo STF. Vários leitores pediram que expressasse minha opinião.
Aqui vai: concordo com o projeto de descriminalizar o consumo de maconha, mas discordo de quem afirma que qualquer uso de maconha seria inócuo. Nos adolescentes, por exemplo, um consumo diário e intenso (solitário, já de manhã) é frequentemente o sinal de uma depressão que é MUITO difícil vencer, uma vez que ela se instala.
Entendo que alguém, mofando num tédio mortal (e inexplicado), chegue à conclusão de que a vida sem maconha é uma droga. Mas, infelizmente, em regra, a droga aprofunda o vazio que ela é chamada a compensar ou corrigir. Ou seja, talvez a vida sem maconha seja uma droga, mas a maconha sem vida também é.
Fonte: folha de SP on line – 23/06/11

domingo, 10 de julho de 2011

Subcomissão ouve experiências bem-sucedidas de prevenção e tratamento de dependentes químicos

Agência Senado



Em mais uma audiência pública da Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e outras Drogas, realizada na tarde desta quinta-feira (7), representantes do Sesi, do Sesc e da Petrobras apresentaram aos senadores experiências e iniciativas bem sucedidas de prevenção e tratamento de dependência química entre trabalhadores do comércio e da indústria.

Conduzida pelo presidente do colegiado, senador Wellington Dias (PT-PI), a reunião também contou com a participação da vice-presidente da subcomissão, senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS).

O gerente corporativo de Saúde da Petrobras, Sérgio Antonio Rossato, apresentou as ações desenvolvidas pela estatal por meio da divisão de Segurança, Meio Ambiente, Eficiência Energética e Saúde (SMES), cujas atividades iniciaram na década de 1980. Ele explicou que essas ações seguem as orientações e diretrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Rossatto afirmou que a SMES tem programas específicos para tratar do uso, abuso e dependência de drogas lícitas, ilícitas e também de medicamentos. De acordo com as diretrizes internacionais seguidas pela Petrobras, a dependência química é considerada uma doença e assim é tratada.

Prevenção

O gerente da Petrobras informou que a empresa capacita funcionários para que a ideia de prevenção às drogas seja disseminada por todas as áreas e localidades onde a estatal atua. Ele acrescentou que são feitos investimentos em tratamento de dependentes e na reinserção ao trabalho dos recuperados.

As ações da SMES são interdisciplinares e envolvem funcionários, supervisores, gerentes, contratados, estagiários, familiares de trabalhadores e comunidade em geral. Também são mantidos "ambientes livre de tabaco" nas instalações físicas da Petrobras e subsidiárias.

Rossato disse ainda que a empresa promove campanhas como a Semana da Saúde, a celebração do Dia Internacional do Combate às Drogas, atividades de sensibilização para os períodos de Carnaval e férias e também palestras e seminários sobre outros assuntos como a violência no trânsito. Também são feitas campanhas de incentivo à prática de hábitos e alimentação saudáveis.

A assessora técnica da Gerência de Saúde do Departamento Nacional do Serviço Social do Comércio (Sesc), Luciana Garritano Barone do Nascimento, expôs as ações promovidas pelo Sesc e pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com ela, essas ações de prevenção e combate às drogas são realizadas entre os comerciários e seus familiares e também com a comunidade em geral. Desde 2002 essas atividades contam com parceria com a Secretaria Nacional Antidrogas, acrescentou.

Os projetos são desenvolvidos em vários estados do país, tanto em áreas urbanas quanto em rurais e envolvem palestras e campanhas educativas que levam em conta a realidade de cada local.

Parceria

Além disso, CNC, Sesc e Senac promovem em parceria programas de rádio onde o tema drogas é constantemente abordado. Esses programas radiofônicos são disponibilizados para mais de mil rádios comunitárias espalhadas pelo país. O tema álcool e outras drogas também é trabalhado junto a alunos e professores das escolas do Sesc, informou Luciana Barone.

Por sua vez, a gerente da Unidade Estratégica de Resultados de Responsabilidade Social do Departamento Regional do Serviço Social da Indústria (Sesi) do Rio Grande do Sul, Rosângela Lengler, apresentou aos senadores o Programa de Prevenção do Uso de Drogas no Trabalho e na Família, projeto desenvolvido desde 1994 pelo Sesi e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).

Segundo Rosângela Lengler, o programa busca desenvolver uma "cultura de prevenção às drogas" junto aos trabalhadores do setor industrial, com foco também na redução do uso de drogas lícitas como tabaco e álcool. As estratégias envolvem, além da prevenção, pesquisas entre os empregados das indústrias e também tratamento de saúde para os dependentes.

O programa já funciona em 18 estados brasileiros e também em quatro outros países sul-americanos, envolvendo 97 empresas e já contabilizando mais de 216 mil trabalhadores atendidos.

Resultados

Os resultados, segundo a representante do Sesi, são animadores: houve redução em 16% do número de fumantes; diminuição de 12,5% no consumo de álcool; redução de 10% no número de falta de trabalhadores, de 30% nos atrasos e, ainda, diminuição em 34% no número de acidentes de trabalho.

No início da audiência pública, Wellington Dias chamou a atenção para a importância de debates deste tipo e disse que o Brasil já possui cerca de 18 milhões de dependentes químicos de drogas lícitas e ilícitas. Ele também afirmou que outras empresas públicas e estatais como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil deveriam seguir o exemplo da Petrobras nesse campo.

Ana Amélia elogiou as instituições representadas na reunião pelos programas e projetos desenvolvidos e aproveitou para fazer diversos questionamentos acerca da organização dessas iniciativas, dos resultados alcançados e também sobre outros detalhes operacionais, tudo para subsidiar os trabalhos da subcomissão.

A Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e outras Drogas, que funciona no âmbito da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal, já tem outra audiência pública agendada para a próxima terça-feira (12). Uma das convidadas será a embaixadora da Suécia no Brasil, que vai explicar as experiências daquele país em relação às drogas.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Jovens bebem muito em busca de benefícios sociais

Para muitos, a perda da timidez compensa ressaca e outros efeitos negativos do álcool

Um artigo publicado na versão online da revista Psychology of Addictive Behaviors mostrou que efeitos positivos, como a perda de timidez, justificam o abuso de bebidas alcoólicas e seus efeitos negativos, como passar mal e vomitar. O estudo foi realizado por psicólogos da University of Washington, nos Estados Unidos.

A pesquisa contou com cerca de 500 universitários que completaram um formulário online que avaliava a frequência com a qual os participantes bebiam. Também fazia parte do teste saber quais prejuízos, como ressaca, desmaio e brigas, já haviam sido enfrentados pelo excesso e quais benefícios, como perda de timidez, melhor habilidade para contar piadas e energia para ficar até o fim da festa, haviam sido ganhos.

Os resultados mostraram que a maioria dos entrevistados se sujeitaria a sofrer todos os efeitos de beber em excesso novamente. Além disso, eles apontaram as experiências positivas como superiores em importância e mais prováveis de acontecer no futuro.

Segundo os psicólogos, o estudo sugere que, mesmo após experimentar as consequências negativas do excesso de bebida, a maioria das pessoas não opta por mudar o seu comportamento. Isso pode ser um alerta para que pais tentem trabalhar uma forma de abrandar os efeitos negativos do álcool em vez de simplesmente proibir seus filhos de consumi-lo.

Sinais do alcoolismo
Beber pode se tornar um hábito e, por ser socialmente aceito, você pode até não se dar conta de quão presente a bebida está em sua vida. Por isso, fique atento aos sinais abaixo para identificar a hora certa de pedir ajuda a um médico ou a alguma associação de apoio:

1. Você está bebendo muito, se é mulher, e bebe mais de três drinques em uma única vez ou mais de sete drinques na semana;

2. Você está bebendo muito, se é homem, e bebe mais de quatro drinques em uma saída ou mais de quatorze ao longo de uma semana;

3. Você desenvolveu uma tolerância, ou seja, o aumento da dose para gerar o mesmo efeito;

4. Sofre de síndrome da abstinência sem beber (a pessoa tem sudorese excessiva, tremores, insônia, náuseas e vômitos, convulsões, alucinações). Se eles se anulam ao beber álcool, é sinal da síndrome;

5. Tem fissura por beber a qualquer momento;

6. Tem problemas em diversas áreas da vida: no trabalho, nos relacionamentos, na saúde, tudo em função do consumo do álcool.

Fonte: Abead

Álcool triplica chance de desenvolver câncer

Uma pesquisa da Unesp de Rio Preto revela que o consumo de bebida alcoólica triplica a chance de desenvolver câncer no estômago.

Esse tipo de câncer é o terceiro mais frequente entre os homens e o quinto entre as mulheres. Além disso, ocupa as mesmas posições quando o tema é a causa de morte.

Segundo o gastroenterologista Renato Silva, 20 gramas de álcool por dia já são suficientes para aumentar o risco de câncer. “O consumo de álcool e fumo estão diretamente ligados a todos os tipos de câncer”, afirma. A pesquisa de doutorado da bióloga Juliana Garcia de Oliveira, coordenada pela professora Ana Elizabete Silva, analisou 723 amostras de DNA de pacientes do Hospital de Base, colhidas ao longo de 11 anos pela equipe da Unesp de Rio Preto.

Depois de 4 anos de estudos, a bióloga descobriu que, além do consumo de álcool, outros fatores também aumentam o risco de uma pessoa desenvolver câncer de estômago. De acordo com a pesquisa, concluída em fevereiro deste ano, homens têm quase duas vezes mais chances (1,82) de ter a doença do que as mulheres. Pessoas acima dos 60 anos têm uma chance a mais (1,65), comparado a pessoas com menos idade.

A coordenadora do projeto afirma que o fator ambiental é a principal causa da doença. “O câncer, de todos os tipos, surge devido a mutações no DNA das células. Essa mutação é provocada, geralmente, por fatores ambientais aos quais estamos expostos, como cigarro, álcool, radiação, medicamentos, drogas, etc. Nossas células estão sendo danificadas e mutadas todos os dias. Isso não significa que vamos ter câncer sempre, mas a medida que o tempo passa, vai aumentando o risco.”

Exemplo disso, é o caso de Valter Custódio Xavier Júnior, 59 anos, que recebeu o diagnóstico de câncer de estômago no final de março deste ano. Em 2006, Xavier fez tratamento para uma úlcera no Hospital de Base de Rio Preto. “Naquela época fizeram exames, mas não apareceu nada, acho que ficou mascarado”, conta. Em janeiro deste ano, a úlcera que tinha cicatrizado anos antes voltou a sangrar e ele procurou novamente o HB.

“Fiquei internado uns 20 dias, fizeram biópsia e novamente não encontraram nada, mas quando fiz o ultrassom, a médica achou que tinha algo estranho.” Diante da anomalia detectada, os médicos decidiram operar o paciente. “Eles me levaram para o centro cirúrgico antes mesmo de sair o resultado da segunda biópsia. Retiraram o tumor e enviaram para análise. Só aí fui saber que tinha câncer.”

Xavier fumou e bebeu socialmente há mais de 40 anos. “É um susto e muda a nossa vida. Sou diabético também, então minha dieta fica muito restrita, porque o que faz bem para uma doença, faz mal para a outra.” O paciente se submete a sessões de quimioterapia e radioterapia. Sem beber nem fumar desde fevereiro, ele acredita que não conseguirá remediar o estrago causado em seu organismo. “São mais de 40 anos fumando e tomando uma cervejinha no final de semana. Não adianta querer fazer tudo certo agora, tinha que ter feito lá atrás.”

Para o gastroenterologista Renato Silva, “beber socialmente” é uma ilusão. “Não existe isso, porque o socialmente de um não é igual ao do outro. Não temos uma definição exata do que é o ‘beber socialmente’. É importante. Uma latinha de cerveja por dia já é um fator agravante.”

Bactéria eleva risco da doença

Presente em aproximadamente 50% da população mundial, a bactéria Helicobacter pylori também aumenta o risco de câncer no estômago. “As pessoas contraem a bactéria por meio de alimentos e água contaminados e ainda pelo contato boca a boca”, diz o cirurgião gastroenterológico e chefe do serviço de cirurgia oncológica digestiva alta da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), Aldenis Borim.

Apesar de estar associada a doenças como úlceras e gastrite, a bactéria não causa sintomas no paciente. “Temos três maneiras de diagnosticar essa bactéria. Pode ser feita uma biópsia, um exame do sulco gástrico ou um teste respiratório”, diz. O tratamento é simples, porém caro. “Antes, se o paciente tinha úlcera era feito o tratamento da bactéria, mas os médicos perceberam que não era necessário esse tratamento em todos os casos. O valor dos medicamentos varia de R$ 100 a R$ 200”

Fonte: Diarioweb